quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Poema Bruno Gouveia (biquini cavadão)


A morte de um filho
é uma gravidez às avessas
volta pra dentro da gente
para uma gestação eterna.

Aninha-se aos poucos
buscando um espaço
por isso dói o corpo
por isso, o cansaço.

E como numa gestação ao contrário
a dor do parto é a da partida
de volta ao corpo pra acolhida
reviravolta na sua vida.

E já começa te chutando, tirando o sono
mexendo os órgãos, lembrando ao dono
que está presente, te bagunçando o pensamento
te vazando de lágrimas e disparando o coração.

A morte de um filho é essa gravidez ao contrário
mas com o tempo, vai desinchando
até se transformar numa semente de amor
e que nunca mais sairá de dentro de ti.

(Bruno Gouveia)

Um comentário:

  1. Valéria...
    Achei esse poema que o Bruno fez para seu filhote.
    É tudo aquilo que nós mães sentimos, muita dor poucos pais tem essa coragem de expressar esse sentimento, com tanta sensibilidade como esse pai..
    Com carinho Zelinda.
    Gostaria de ter seu endereço para mandar uma correspondencia obrigada.
    (coordenadora do Grupo ASDL)
    zelindadebona@hotmail.com

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