terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A vida de quem fica...

A morte desorganiza, deprime. Mas o luto tem começo, meio e fim. Nesse processo, a dor da perda se transforma em saudade, e a vida continua, com outro sentido. Por Rosane Queiroz

Uma mulher vai até Buda com o filho morto nos braços e suplica que o faça reviver. Buda diz a ela que vá a uma casa e consiga alguns grãos de mostarda. Mas, para trazer de volta a vida do menino, esses grãos devem ser de uma casa onde nunca morreu ninguém. A mãe vai de casa em casa, mas não encontra nenhuma livre da perda.
A parábola budista explora a lição mais óbvia e mais difícil da vida. A dificuldade de encarar o fim como parte da existência é o que faz do luto uma experiên-cia tão assustadora. "A morte é sempre vista como um acidente de percurso ou um castigo divino", diz a psicóloga Clarice Pierre, especializada no atendimento de doentes terminais. Desde a infância o ser humano não é treinado para perder, mas para ter, acumular. "Os pais protegem os filhos das frustrações, e perder é essencial para entender que nada é permanente. E me refiro a perder desde jogos, até objetos e pessoas", diz Clarice.
Se o desapego budista é uma utopia, a preparação para encarar a morte de forma menos traumática é possível, e começa mesmo na infância. "Criança pode ir a velório e receber respostas honestas sobre a morte, em vez de explicações fantasiosas, como a de que a pessoa viajou ou virou uma estrela." No dia a dia, é preciso tratar as perdas como parte da vida. "Ensinar sobre a finitude ajuda a objetivar a existência, reduzindo a angústia existencial."
Os sintomas do luto são divididos em fases: choque, negação, raiva, depressão e aceitação. Nesse processo, a pessoa experimenta desinteresse pela vida, culpa, baixa auto-estima, angústia, revolta. A duração e a intensidade desses sentimentos vão depender do histórico de perdas da pessoa, e também do grau de relação com quem morreu (a perda mais dura seria a de um filho, pois quebra um ciclo "ilusoriamente previsível") e do tipo de morte. "Nas mortes traumáticas, acidente, suicídio, assassinato, pode haver uma fase de negação mais prolongada, a culpa e a revolta podem aparecer com mais intensidade", diz a psicóloga Maria Helena Bromberg, do 4 Estações, um centro de pesquisas sobre luto e atendimento a enlutados, em São Paulo.
"A princípio eu ia fazer uma loucura, queria matar ele, a família, todo mundo", diz o empresário Loudeber Castanho, 51, que perdeu a filha de 23 anos, assassinada a tiros supostamente pelo ex-namorado. O que o reteve e confortou foi "um lado espiritual" que a filha deixou. "Antes de morrer ela estava lendo 'Somos todos Inocentes', da Zíbia Gasparetto. Às vezes falava: 'Pai, dá uma lidinha no que eu sublinhei. E eu, na correria, não dava atenção. Depois, transtornado, comecei a rastrear as frases e a decifrar o que ela queria me dizer. Descobri que o espírito não morre. Foi a única coisa que me acalmou", diz.
Para superar o luto, é importante não sublimar a dor. "É para doer mesmo", diz Maria Helena Bromberg. Faz bem à família se reunir para chorar, conversar sobre o assunto, olhar retratos. Os rituais também ajudam, porque a recuperação é centrada na aceitação. "O velório permite que as pessoas se despeçam e que o enlutado seja reconhecido como tal", diz ela.
O período luto-casa dura cerca de dois meses. Aí cessam as visitas e a dor costuma piorar. É quando costuma ocorrer uma tentativa de resgatar o cotidiano anterior à perda, o que é impossível. A psicóloga Clarice Pierre diz ser importante, nesse estágio, se desfazer de objetos e roupas de quem morreu, e mudar hábitos. Muita gente muda de casa, de profissão, se engaja em uma causa.

Seis meses depois de perder a filha de 18 anos num acidente de carro, o casal Eduardo Carlos Tavares, médico, e Glaucia Rezende Tavares, psicóloga, se engajou na causa de amparo a enlutados. Criaram o grupo API -Apoio a Perdas Irreparáveis, que em um ano de existência reúne 37 casais, a maioria que perdeu filhos. Os encontros acontecem na casa de um dos integrantes, e são um espaço de expressão do luto. "Em muitas famílias, é tabu tocar no assunto. Mas à medida que falamos vamos nos transformando e ganhando força para retomar a vida. Depois de uma perda, ou a gente fica amarga, ou mais sensível. Nosso objetivo é adoçar a vida sem esquecer nem hipervalorizar a pessoa que se foi", diz Glaucia. Em São Paulo, o Grupo Fraterno, criado por três mães que há quatro anos perderam os filhos no mesmo acidente, se reúne semanalmente para estudar a doutrina espírita, trocar experiências e promover trabalhos sociais. "No grupo, quem está melhor, puxa o outro", diz Olga Braga de Araújo, 49, uma das mães. Os encontros chegam a reunir 80 pessoas.
De maneira geral, leva-se de um a dois anos para "elaborar a perda", no jargão dos especialistas. Nesse período vão ocorrer pela primeira vez as datas importantes: aniversário, Natal... Se os sintomas de luto persistem, é provável que a pessoa não esteja vivendo as etapas necessárias à superação. Freud, no texto "Luto e Melancolia", compara essas duas condições que encerram "o mesmo estado de espírito penoso, a mesma perda de interesse pelo mundo externo". Só que, no luto, diz Freud, "é o mundo que se torna pobre e vazio; na melancolia, é o próprio ego". Nos dois casos, existe uma oposição à realidade. Mas, no luto, "normalmente prevalece o respeito pela realidade", ou seja: uma hora termina e a alegria se torna, ao menos, possível.
O processo considerado "anormal" pelos especialistas tem duas reações opostas: ou a pessoa não sai do luto (é a mãe que arruma o quarto do filho, cultuando o morto todos os dias) ou nem sequer entra nele (a pessoa fica indiferente, não chora, age como se não tivesse acontecido). Nesse luto "adiado", a dor fica guardada em algum lugar "e um dia vem à tona", diz Maria Helena Bromberg.

Morte e transformação
A perda traz mudança de valores. "As pessoas passam a ter menos medo de errar, entendem que têm limites e vivem melhor o presente", diz a psicóloga Clarice Pierre.

Foi o que aconteceu com a decoradora Vitoria Herzberg, que há dez anos perdeu o filho Daniel, 18, de câncer. Ela diz ter passado por todas as fases do luto. "Ou você se envolve na vida, ou os vivos acabam desistindo de você."
Depois de três meses, Vitória retomou seu trabalho com decoração, mas, em meio a uma polêmica com um cliente sobre o tom de amarelo que forraria um sofá, viu que aquilo não fazia mais sentido. Largou a profissão. Há nove anos se dedica a orientar pacientes com câncer e seus parentes. Vitória diz que até hoje não se conforma com a ausência do filho, mas aprendeu a conviver com ela. "Antes eu perguntava: Por quê meu filho?. Hoje eu pergunto: Quem sou eu para não ser comigo?"

(Reportagem revista marie claire)

domingo, 29 de janeiro de 2012

O tempo não para....

Cada dia a saudade parece me sufocar,mesmo sem eu querer a vida insisti em me empurrar pra frente,me sinto um ser estranho,nada me alegra,nada me da prazer,por mais que todos falem que é dificil que tenho que continuar,que o tempo vai me ajudar,que Deus sabe oque faz.......esta muito dificil,estes dias chegou uma pessoa e me falou que o filho é um presente de Deus,que Deus sabe oque faz.....tudo bem sei disso.....é tudo muito bonito de se ouvir quando não estamos passando por esta situação,mas quando passamos,não conseguimos compreender o porque disso,vivo me perguntando,o pq te tudo ter acontecido,uma criança,tão saudavel,tão amada,tão esperta,linda e inteligente,chegar no hospital andando,conversando e sair da maneira que saiu,nunca vou compreender isso,não consigo parar de pensar na minha filha em nenhum segundo da minha vida,posso estar fazendo oque for,estou com ela no pensamento 24 horas por dia,Só Deus sabe a dor que sinto,tem horas que da vontade de sair gritando,chorando,mas sei que isso não vai mudar nada,só piorar a situação.......não da pra entender como tudo isso foi acontecer,parece mentira.............Hoje fui a igreja,teve a pregação e no meio da palavra foi falado..."Deus não nós fez para sobreviver,pra viver um dia de cada vez,mas sim pra viver em plenitude e ter vida em abundancia" realmente é muito bonito de ouvir,mas para uma mãe que perdi seu filho é quaze que impossivel por em pratica isso.........Sei sim que Deus sabe oque faz,mas não me peça pra compreender oque aconteceu e aceitar..que a pesar de saber que não posso fazer nada é inaceitavel a morte de um filho.Minha razão sabe tudo que deve ser feito e tudo que não adianta fazer,mas meu emocional fala muito mais alto que minha razão,tem manha que acordo,choro e falo comigo mesma,tenho que continuar,tenho que ir trabalhar,tenho que fazer com que este meu sofrimento vire amor para com o proximo....nossa...mas 05 minutos depois vem uma dor tão grande que me consome toda......hoje mesmo vi um menina brincado com uma boneca,nossa isso me deu uma dor tão grande,uma raiva,não da criança,mas sim da minha não poder fazer mais o mesmo,é muito complicado,pensei em perder tudo na minha vida,menos a minha filha,minha razão de viver........

sábado, 14 de janeiro de 2012

Quanta Saudade...


Filha.amor da minha vida quanta saudade,como esta insuportavel ter que viver sem você,nada tem graça,tudo perdeu o sentido...é como se tivesse que viver 24 horas por dia com um punhal fincado no peito,doi muito sua ausencia fisica,até agora não me conformo em ter que continuar sem você.....perdi a vontade de tudo.....pra mim tanto faz oque acontece......nada tem graça,tudo que faço é por obrigação....porque meu Deus isso.....nenhuma mãe merece passar por isso,é um sentimento que não tem como explicar.......Deus eu lhe peço tem de missericordia......muitas pessoas falam que não posso ficar me lamentado pelo tempo que estou sem você,mas sim agradecer pelo tempo que você ficou,mas não é facil......cada dia que passa é mais dificil,,,,,filha mamãe te ama mais que tudo nesta vida....te amo princesa.....saudades eterna......mamãe